segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Tudo?

Thomas. Thomas. Thomas. Thomas. Thomas.

Talvez escrevendo seu nome milhares de vezes, você saia do meu ser, dos meus pensamentos, do meu coração. Eu não o amo. Eu não o venero. Eu não o tenho. Mas eu te quero. Te quero com uma intensidade jamais imaginada por mim. Eu não sinto ternura por ti. Eu não sinto carinho. Mas eu odeio. Odeio por me fazer tão escrava de ti. Tão suja de pecado. Tão impura por desejar-te tanto.

Thomas Morrison. Alice Jones. Você. Eu.

Mais velho. Mais experiente. Mais envolvente. Eu não o quero para namorar. Não quero filhos com você. Não quero me casar contigo. Mas por qual (maldito) motivo, eu imagino você e eu, com duas pequenas crianças em um apartamento e com alianças douradas trocadas?

Alice Morrison...

Suas palavras são vazias, escritas no silêncio da noite, apagadas no amanhecer. Somos nós que usamos palavras de menos, para descrever sentimentos de mais. Bêbados em uma escada vazia do metro. Para que palavras? Usamos línguas, mãos, bocas. Sua. Minha. Escondidos dos conhecidos, escondidos dos compromissos.

Thomas. Thomas. Thomas. Quinhentas vezes, Thomas.

Quinhentas vezes para esquecer. Uma, apenas, para lembrar. Como posso simplesmente fingir que isso é pouco, quando isso é muito? Muito mais do que consigo lhe dar, muito mais do que consigo imaginar.

Amantes. Essa é a palavra que não usamos, mas sabemos que somos. Era para ser apenas uma vez. Apenas um beijo. Apenas uma noite. Apenas uma falha. Era, mas não foi. Quatro meses. O beijo se prolongou no escondido. O toque sutil se transformou em malicioso. O olhar cruzado, se fixou. Somos nós. Somos amantes. Não apenas um erro e sim uma traição. Fingindo que não é nada, quando é tudo.

Um castelo de mentiras. Promessas feitas, promessas quebradas. Somos errados. Somos culpados. "Somos suspeitos de um crime perfeito". Sempre colocamos fim, sempre falamos que é a ultima vez. Nossa vida é feita de ultimas vezes. Fins inacabados. Beijos maculados. O toque instiga a querer novamente, instiga ao recomeço. O aroma viciante do perfume, do cabelo, da roupa. O vicio do perigo, da adrenalina. Delimitamos lugares escondidos. Violamos os locais proibidos. Pegos pelo desejo, pelo medo do fim, pelo medo do começo, pelo medo de nós mesmos. Medo de se apaixonar, medo de amar.

Mas eu não te amo. Jamais amarei. Pois isso é apenas um erro e sempre será.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Forever (Fanfic - Doctor Who)



Ele permaneceu sentado no chão da TARDIS durante eternos minutos, apenas pensando em Rose, pensando em sua partida.

Ela agora estava salva de todo perigo, salva do perigo que ele a colocava. Talvez ela até tivesse uma vida normal a partir daquele dia, uma vida pelo caminho mais longo, sem atalhos, sem viagens pelo espaço e pelo tempo. Sua Rose estava a salvo, com uma família, sem ele.

Ela estava finalmente livre dele. Para sempre.

Levantou-se do chão e caminhou pelos diversos cômodos que havia dentro da TARDIS, detendo-se no quarto que ela ocupava. Sorriu sem ao menos perceber. Um sorriso puro, verdadeiro. Entrou no quarto e notou que o aroma adocicado que ela possuía ainda estava presente, impregnado em cada milímetro do quarto. Aquele aroma de flores que ele sempre amava sentir quando a abraçava. Aquele aroma que se fixava em suas roupas, em sua pele, em seu ser.

Sentou-se na cama que ela até então ocupava, seus dois corações pareciam vacilar na dor causada pela partida de Rose. Sentiu uma lágrima deslizando por sua face e aquilo pareceu apenas aumentar sua dor. Ele olhou para a cama e lembrou-se daquele sorriso tão doce que ela possuía. Ele não conseguiria simplesmente esquecê-la depois de tudo que viveram, pois ela não era simplesmente uma companhia para viajar. Ela era mais que isso. Muito mais!

Rose era como uma estrela guia para ele. Era ela que sempre estava ali, dando-lhe a mão, o ajudando e dizendo-lhe o caminho certo. Quando ele se perdia, por mais raro que isso fosse, ela simplesmente estava ali, fixando aqueles dois grandes olhos azuis e o guiando pela escuridão. Era como ele havia falando para Besta, ele acreditava nela, apenas nela. Acreditava que aquela singela garota loira era capaz de derrotar qualquer inimigo posto a sua frente, capaz de desvendar coisas fora de seu alcance, capaz de realizar façanhas inacreditáveis para uma humana.

Ele não aguentou simplesmente se manter forte e permitiu-se chorar pela perda de sua pequena humana. As lágrimas deslizaram pela sua face, uma a uma, queimando-lhe por dentro. Doía tanto, mas tanto, que ele seria capaz de arrancar seus dois corações apenas para não sentir aquela maldita dor.

Ele lembrou-se de como ela havia partido, de como ela quase havia caído no vazio entre os dois mundos paralelos, mas Peter havia chegado a tempo e a levado embora. Salva. Coisa que ele sequer foi capaz de fazer naquele momento. Ele tinha certeza que ela devia ter feito um escândalo quando se encontrou em um universo sem ele. E ele tinha noção disso, pois ela já havia feito coisas inacreditáveis apenas para salvá-lo. Rose o amava e ele sabia disto.

E naquele momento o que ele mais queria era ela de volta, queria sua Rose ali. Queria poder vê-la novamente, ouvir sua voz, rir de seu jeito, abraçá-la. Desejava apenas tê-la ao seu lado, para sempre. Aquilo era puro egoísmo seu, entretanto pela primeira vez não se importou em ser egoísta. Pois ele sabia que onde ela estivesse ela queria o mesmo. Ele viu isso quando a chamou em sonho e ela percorreu milhas e milhas apenas para encontrá-lo. Rose faria qualquer coisa por ele e ele por ela. E talvez por isso, naquele exato segundo a saudade era imensa e a vontade de tê-la ali com ele era indescritível.

Ele amava Rose e não havia nem se quer conseguido lhe dizer isso. Ele queria ter dito. Igual ela havia dito. Queria ter murmurado que a amava e que não queria ficar sozinho como o ultimo Time Lord. Queria ter simplesmente atravessado àquela pequena fenda entre os dois Universos e ficado com ela, ficado com sua pequena e frágil humana.

Não soube por quantos minutos permaneceu ali, sentado e recordando-se de Rose. Parecia que seus dois corações queimavam na mais cruel chama existente. Parecia que estava perdido no mais obscuro lugar do Universo. A sensação que tinha era de estar sendo sugado por um buraco negro. Era como se tudo dentro de si estivesse sendo cruelmente massacrado. Machucava.

“How long are you going to stay with me?”

Ele riu amargamente ao lembrar-se da tola pergunta. Não era ela que tinha que escolher. Nem ele. Nem ninguém.

“Forever”.

Mas se fosse para escolher, ele desejava ter ela para sempre ao seu lado. Sua doce Rose Tyler. Sua estrela guia. Sua garota. Forever.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Super Man



― O que você tem vontade de fazer quando se formar? ― Ela questionou, me fazendo a olhar. Ela estava largada no puff rosa ao lado da cama, com o notebook em seu colo, fazendo algo para faculdade. ― Digo, faltam apenas dois meses para você se formar no ensino médio e nunca vi você comentar a respeito de faculdade, emprego ou sonhos.

― Não sei. ― Sussurrei permanecendo deitado em sua cama, voltando a prestar atenção no filme que passava na televisão.

― Não sabe?

― É. Não sei. ― Dei os ombros pensando que ela voltaria sua atenção para o notebook, entretanto isto não ocorreu.

― Faltam apenas dois meses, você tem que ter algo em mente.

― Mas eu não sei, ok? Eu não tenho tudo planejado como você, eu simplesmente nunca parei para pensar e planejar meu futuro e você sabe bem disso.

Ela calou-se e eu voltei a assistir o filme. Após cerca de meia hora, ela sentou-se ao meu lado com o notebook em mãos, assim que ela colocou-o sobre minha perna ― forçando-me a sentar ―, notei que a página aberta no navegador era de uma universidade qualquer e pelo que parecia havia as descrições de cursos, suas durações e tudo que alguém precisava saber a respeito.

― Vamos decidir juntos, que tal? ― Ela disse animada.

― Alice, não! Eu não vou decidir nada agora, ok? ― Respondi visivelmente irritado. ― Não suporto essa sua mania de tentar controlar o futuro. ― Ela fez aquela cara de choro misturado com irritação e tomou o notebook do meu colo com certa agressividade. Somente naquele instante percebi o quão grosso havia sido.

― Tudo bem Eduardo, mas quem não vai ter futuro é você. ― Ela deixou o notebook sobre sua escrivaninha e em passos rápidos saiu do próprio quarto, batendo a porta com força. Voltei a me deitar, tampando meu rosto com as mãos e me sentindo o pior namorado de todos.

[30 minutos depois]

― Alice. ― Gritei da porta de seu quarto.

― O que foi? ― Gritou do andar de baixo.

― Corre aqui, tá passando aquele filme que você gosta. Aquele de Natal que tem “amor” no nome, que é britânico e tem o professor de cabelo grande do Harry Potter.

Eu tinha certeza que em menos de cinco minutos ela subiria correndo. Então antes dela chegar ao quarto, subi em sua cama e a esperei, quando a vi adentrar o quarto, saltei da cama, fazendo-a se assustar e me olhar de uma maneira como se eu fosse o cara mais insano de todos.

― O que... ― A sua voz morreu assim que voltei a subir na cama. Estufei o peito, olhei para cima e coloquei as mãos na cintura, como o Super-Homem.

Sua risada preencheu o quarto no mesmo instante e me fez rir também. Era maravilhoso vê-la rindo.

― Por que você está com este lençol amarrado no pescoço como se fosse uma capa? ― Questionou rindo.

― Não é como se fosse uma capa, é uma capa de verdade. ― Respondi virando meu rosto para sua direção, mas ainda com aquela posição de Super-Homem. ― Eu decidi o que quero ser daqui a dois meses.

― E seria?

― O Super-Homem. ― Ela riu um pouco mais alto. ― Mas só serei o Super-Homem se você for minha Lois Lane.

Saltei da cama, segurando minha “capa” e me sentindo o maior idiota por aquilo. Ela riu de uma forma exagerada, mas verdadeiro e era aquele riso que me fazia sentir vivo. Por ela eu seria o Rei dos idiotas, apenas para vê-la feliz daquele modo.

― Você aceita ser a Lois Lane? ― Perguntei, a puxando pela cintura e colando nossos corpos.

― Eu preferia ser a Mulher-Gato e preferia ter você como o Batman, sabe... ― Ela disse daquela maneira dengosa dela, me fazendo sorrir.

― Não fode com a minha encenação, amor. Eu quero ser o Super-Homem, ele é muito melhor que o Batman, então você vai ter que ser minha Lois Lane.

Selei rapidamente seus lábios com os meus.

― Me desculpa, por ter sido estúpido com você, eu não sei o que eu quero do meu futuro e eu decidi que ter sua ajuda seria bom. ― Ela sorriu empolgada. ― Mas com moderação, sua gata.

― Ok, seu chato. Com moderação.

― Por enquanto eu tenho apenas uma única certeza do que eu quero para meu futuro.

― Ser o Super-Homem? ― Disse rindo. ― Mesmo o Batman sendo melhor?

― Shiu. O Batman nem poderes têm... Então o Super-Homem é melhor. Mas não é isso. ― Ela franziu o cenho, curiosa. ― Por enquanto a única coisa que eu quero para meu futuro é você.  Eu quero você para toda eternidade comigo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Entre Estrelas



Uma singela fumaça esbranquiçada deslizou dos lábios dela, devido à noite extremamente fria que Londres tinha. Suas pequenas mãos pareciam que iam congelar a qualquer momento, igualmente seus pés. Ela sorriu ao vê-lo tirando o grosso casaco que vestia e dando-lhe de um modo meio sem jeito. “Obrigada”, sussurrou quase que silenciosamente, enquanto sua voz se perdia entre as buzinas e motores de uma rua movimentada.

― Para onde você quer ir? ― Questionou Richard, mirando à pequena. A mesma contemplava o céu acinzentado e perdia-se na própria imaginação, sem realmente prestar atenção no mais velho. ― Kaley. ― Chamou-a, finalmente obtendo a atenção da mesma. ― Para onde quer ir?

― Para as estrelas. ― Respondeu, singelamente. Um riso meio seco e enferrujado soou, fazendo outra risada doce soar no meio de toda imensidão cinzenta e barulhenta da cidade grande.

― Por enquanto eu não consigo te levar para lá, então escolha um local mais perto. ― Pediu carinhosamente. Recebendo um sorriso leve, quase que surreal.

As estrelas seriam um bom lugar para ir, pensou Richard, poderiam percorrer a imensidão negra do Universo e jamais voltarem para Inglaterra ou qualquer outro lugar da Terra. Viveriam eternamente entre as mais brilhantes e grandiosas estrelas, fazendo delas um local seguro e confortável. Como uma casa. Acordando dos próprios devaneios, o homem viu a adolescente correr pela calçada coberta de neve e entrar em um pequeno estabelecimento.

― Espere pequena Kaley.

Ao entrar no pequeno café, deparou-se com a garota, já sentada em um local afastado da porta, sem seu casaco e sem o cachecol preto que até então estava enrolado em seu pescoço. O mesmo foi até a mesa e sentou-se enfrente a menina, sorrindo e desviando o olhar rapidamente, ao ver uma garçonete chegando.

― O que vão querer?

― Um chocolate quente com chantilly. ― Pediu Kaley.

― E o senhor?

― Um café puro.

Ambos se miraram quando a garçonete saiu dali e sorriram. Cúmplices

― Você tem planos para hoje Richard? ― Perguntou. Sem malicia alguma, apenas curiosa. As mãos inquietas tomavam alguns saches de açúcar que havia sobre a mesa e as ordenavam lado a lado, sem realmente notar o que fazia. ― Eu queria andar de metrô, nunca andei, então você poderia me levar, não poderia? Se não tiver nenhum plano.

― Não acho uma boa ideia.

O silêncio se fez presente, devido aos pedidos chegarem e assim que a garçonete saiu, a garota de 19 anos fez uma cara triste e resolveu desviar sua mirada para o chantilly que havia sobre o chocolate quente em uma xícara.

― Por quê? ― A voz saiu rouca, quase que chorosa.

― Tenho 35 anos, não deveria nem estar aqui, tomando esse café com você. Sou mais velho e seu tutor de pesquisa.

― Mas eu não me importo.

― Mas o reitor da Universidade, seus pais e varias outras pessoas se importam.

O silêncio surgiu e permaneceu durante alguns minutos longos e tediosos, fazendo Richard tomar sua xícara de café inteira e Kaley conseguir acabar com o chantilly e quase com metade da xícara de chocolate. Richard repensou na sua resposta e deparou-se com a vontade de levá-la para algum lugar, algum lugar bonito e que a fizesse se sentir especial.

― Você quer ir paras estrelas? ― Perguntou Richard, interrompendo o silêncio, fazendo um sorriso sincero desenhar-se nos lábios da menina.

― Quero.

― Então vamos.

Richard deixou uma nota equivalente ao valor do que haviam pedido sobre a mesa e puxou a menina pelas mãos. O casaco e o cachecol foram levados pela mão livre da garota, enquanto saiam do pequeno café e iam em direção a uma escada que os levariam para o metrô.

Por ser noite, o vagão que pegaram estava praticamente vazio, os fazendo ter liberdade para sentar onde queriam. Kaley optou por brincar entre as barras de metais e ser um pouco criança ao se libertar dos problemas e deveres da Universidade, onde era do grupo de pesquisa de física. Richard acompanhava atentamente os movimentos infantis e alegres da garota, sorrido e esquecendo-se que era tutor de toda pesquisa de Kaley e do grupo da mesma.

― Nunca tinha andado de metrô. ― Revelou a garota, finalmente parando e ficando parada enfrente ao mesmo.

― Nunca? ― Espantou-se.

― Nunca. É a primeira vez.

― O que mais você nunca fez?

Kaley era uma garota da alta sociedade britânica, tendo motoristas e empregados a sua disposição. Estar ali, em um vagão de metrô, brincando, era algo quase que surreal e inimaginável até então para ela. Talvez sorte. Sorte de ter Richard para livrá-la de toda bolha que seus pais haviam feito ao redor dela.

― Nunca fui a parques. Esses ilegais, que tem pelos bairros pobres de Londres. ― Revelou, sentindo as bochechas vermelhas. 

― Não são ilegais, são apenas parques de pessoas normais. ― Comentou. ― Se prepara que na próxima estação vamos descer.

― E para onde vamos?

― Vamos ir para estrelas essa noite Kaley. 

Um sorriso dela surgiu. E apenas esse sorriso bastou para Richard perceber que não adiantava mais tentar fugir. Ela havia conseguido derrubar suas barreiras e o encantar com toda infantilidade que tinha.

Ao descerem do vagão, Kaley vergonhosamente pegou na mão de Richard e entrelaçou seus dedos, vendo-o hesitar por um momento, mas apertar seus dedos como se houvesse gostado daquele pequeno contato.

Estavam em um bairro do subúrbio e em um vasto terreno, havia um parque. Havia poucas crianças devido ao Inverno, mas as que estavam ali, corriam e gritavam alegremente. Kaley pareceu perdida e se encolheu no ombro de Richard ao levar um susto com um vendedor de algodão doce que passou gritando ao seu lado.

― Escolhe que brinquedo quer ir.

Montanha-Russa. Túnel do Amor. Brinquedos de pontaria, alvo, tiros. E por ultimo foram na Roda Gigante. Quando chegaram ao topo, Richard olhou para o céu cinzento e sorriu ao lembrar-se do pedido da menina. Ela queria as estrelas e ele também queria. Mas elas eram tão impossíveis de serem alcançadas, quase invisíveis no céu de Londres, quase que inexistente para os humanos. Os dedos enlaçados aos seus o fizeram perceber que não precisava ir para estrelas para se sentir longe de todos na Terra, bastava a ter ali por perto.

― Eu queria pular daqui e sair voando. ― Sussurrou para Richard, rindo.

― Eu também. ― Riu.

― Você é diferente quando estamos sozinhos, quando não estamos na Universidade.

Você me faz ser diferente quando estamos sozinhos.

Ambos permaneceram sorrindo, dentro de seus proprios pensamentos, enquanto a Roda Gigante se movimentava lentamente.

― Já estamos nas estrelas. ― Avisou Kaley em tom de brincadeira, olhando para ele e o vendo aumentar o sorriso. ― Obrigada por me trazer aqui.

― Sempre que quiser, vamos viajar pelas estrelas e conhecer novos planetas.

― Podemos voar?

― É só você querer pequena Kaley.


Nós. Ainda há de existir esse tal de “nós”? Ainda há de existir aquele casal que a todos encantavam e que com apenas um olhar se fortificavam de todo mal? Éramos felizes e entregues a nós mesmo, mas e agora?

Eu. Você. Nós. 
Lembra?

Antes estava sempre a me cercar por seu amor e sua felicidade estridente. E agora? Agora te vejo a quilômetros de distancia de mim, como se jamais estivesse tido presente, segurando minhas mãos. Em um tempo não muito distante era fácil chegar há ti e beijar-te tão suavemente, era simples sentir-me protegida e simplesmente fascinada por tudo. No presente momento te vejo sentado ao meu lado, quieto em nossos próprios escombros, esperando que algo ocorra. É como se todo amor arquitetado e construído por nossas mãos, tivessem sido mau projeto e desabado por falhas jamais identificadas.

Agora somos um casal apenas destruído pelos dias que se passaram e pela façanha do destino. Estamos deitados lado a lado, sem realmente estarmos presentes.

Eu. Você. 
Cadê?

Talvez ainda haja esperança para nós. Ainda haja aquela vontade de permanecer lado a lado, mesmo que seja quietado pelas nossas agonias. Esperança. Talvez em algum momento, voltemos a ser aquele casal de um passado quase que ainda presente e a felicidade destrua a melancolia que causa nossos medos e dores.

Nós.
Juntos.
Será?

sábado, 17 de novembro de 2012

Palavras


“— Você gosta delas?”
Perguntou-me o senhor.
E com palavras belas,
Mostrei-lhe todo meu amor.

Palavras, meu senhor, são a esperança
Pois com elas posso brincar,
Igual a uma criança.

Com elas escrevo
Uma estória sutil.
Com elas descrevo
Um sentimento infantil.

Com a escrita invento um cenário,
Semelhante a um santuário.
Meus personagens sãos exagerados,
Concebidos do imaginário.

Papel, caneta e imaginação,
Veja estimado senhor,
Tenho o mundo em minha mão.

Com as palavras posso escrever,
E assim viver algo inexistente.
Pois é mais que do querer,
É criar o incoerente.

Ele sorriu
“— Você ama a escrita, minha doce menina”
E uma lágrima surgiu.
Era dor e alegria,
Pois logo ele partiria.
Afinal o velho senhor,
Só fazia parte da minha estória de amor

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Era daquele modo. Torto, estranho e preenchido de brincadeiras que eles apreenderam a conviver juntos. Era daquela maneira que ambos apreenderam há serem amigos e tornarem tudo um pouco mais divertido.
… E era daquele modo que ambos estavam se entregando pouco a pouco para uma paixão estranha e nova.