sábado, 5 de maio de 2012

Ao fim do dia sou apenas mais uma maquiagem borrada, mais um olhar perdido, uma palavra solta na imensidão do mundo; Ao fim do dia sou apenas mais um cabelo desgrenhado, mais uma esperança destruída, mais um sonho desenvolvido, mais um sentimento confundido; Ao fim do dia sou mais um garoto brincalhão, mais uma garota iludida, mais uma alma preenchida de esperança… Ao fim do dia eu sou apenas mais alguém no transito, mirando o céu negro e ouvindo uma melodia qualquer.
Seus olhos deixavam-me levemente desnorteada, com o estomago vacilante e o ambiente girando fortemente a minha volta. Aquele olhar singular e que era a entrada para o Céu ― e às vezes para o Inferno. Aquele olhar que era tão hipnótico, tão quente… Tão particularmente meu.


Ao som de Eric Clapton eles dançavam. Sem ritmo, sem sincronia, sem talento, entretanto com amor, paixão e carinho. Tão entregues aquele ato simplório e merecedor da eternidade, que ambos esqueceram-se por um instante dos problemas do mundo externo. 


― Você é a única garota de 17 anos que escuta David Bowie.
― E você é o único homem de 31 anos que gosta de ficar com garotas de 17 anos. 
― Eu não gosto de ficar com garotas de 17 anos. Não sou pervertido.

(Silêncio)

― Eu gosto de ficar com uma única garota de 17 anos… E essa garota gosta de David Bowie.
― E Van Halen também. ― Sorriu pela primeira vez no dia.

Era apenas um pequeno romance terrível. Ele bem sabia disso… Ele era errado demais para ela. Errado demais para qualquer ser presente na face da terra. Tão pecaminoso, tão obscuro, tão sujo. 

― Querido, eu preciso de mais café.
― E eu preciso de mais amor.

(Gabriela Germano)