―
O que você tem vontade de fazer quando se formar? ― Ela questionou, me fazendo
a olhar. Ela estava largada no puff rosa ao lado da cama, com o notebook em seu
colo, fazendo algo para faculdade. ― Digo, faltam apenas dois meses para você
se formar no ensino médio e nunca vi você comentar a respeito de faculdade,
emprego ou sonhos.
―
Não sei. ― Sussurrei permanecendo deitado em sua cama, voltando a prestar
atenção no filme que passava na televisão.
―
Não sabe?
―
É. Não sei. ― Dei os ombros pensando que ela voltaria sua atenção para o
notebook, entretanto isto não ocorreu.
―
Faltam apenas dois meses, você tem que
ter algo em mente.
―
Mas eu não sei, ok? Eu não tenho tudo planejado como você, eu simplesmente
nunca parei para pensar e planejar meu futuro e você sabe bem disso.
Ela
calou-se e eu voltei a assistir o filme. Após cerca de meia hora, ela sentou-se
ao meu lado com o notebook em mãos, assim que ela colocou-o sobre minha perna ―
forçando-me a sentar ―, notei que a página aberta no navegador era de uma
universidade qualquer e pelo que parecia havia as descrições de cursos, suas
durações e tudo que alguém precisava saber a respeito.
―
Vamos decidir juntos, que tal? ― Ela disse animada.
―
Alice, não! Eu não vou decidir nada
agora, ok? ― Respondi visivelmente irritado. ― Não suporto essa sua mania de
tentar controlar o futuro. ― Ela fez aquela cara de choro misturado com irritação
e tomou o notebook do meu colo com certa agressividade. Somente naquele
instante percebi o quão grosso havia sido.
―
Tudo bem Eduardo, mas quem não vai ter futuro é você. ― Ela deixou o notebook
sobre sua escrivaninha e em passos rápidos saiu do próprio quarto, batendo a
porta com força. Voltei a me deitar, tampando meu rosto com as mãos e me
sentindo o pior namorado de todos.
[30 minutos depois]
―
Alice. ― Gritei da porta de seu quarto.
―
O que foi? ― Gritou do andar de baixo.
―
Corre aqui, tá passando aquele filme que você gosta. Aquele de Natal que tem “amor”
no nome, que é britânico e tem o professor de cabelo grande do Harry Potter.
Eu
tinha certeza que em menos de cinco minutos ela subiria correndo. Então antes
dela chegar ao quarto, subi em sua cama e a esperei, quando a vi adentrar o quarto,
saltei da cama, fazendo-a se assustar e me olhar de uma maneira como se eu
fosse o cara mais insano de todos.
―
O que... ― A sua voz morreu assim que voltei a subir na cama. Estufei o peito,
olhei para cima e coloquei as mãos na cintura, como o Super-Homem.
Sua
risada preencheu o quarto no mesmo instante e me fez rir também. Era
maravilhoso vê-la rindo.
―
Por que você está com este lençol amarrado no pescoço como se fosse uma capa? ―
Questionou rindo.
―
Não é como se fosse uma capa, é uma capa
de verdade. ― Respondi virando meu rosto para sua direção, mas ainda com
aquela posição de Super-Homem. ― Eu decidi o que quero ser daqui a dois meses.
―
E seria?
―
O Super-Homem. ― Ela riu um pouco mais alto. ― Mas só serei o Super-Homem se
você for minha Lois Lane.
Saltei
da cama, segurando minha “capa” e me sentindo o maior idiota por aquilo. Ela
riu de uma forma exagerada, mas verdadeiro e era aquele riso que me fazia
sentir vivo. Por ela eu seria o Rei dos idiotas, apenas para vê-la feliz
daquele modo.
―
Você aceita ser a Lois Lane? ― Perguntei, a puxando pela cintura e colando
nossos corpos.
―
Eu preferia ser a Mulher-Gato e preferia ter você como o Batman, sabe... ― Ela
disse daquela maneira dengosa dela, me fazendo sorrir.
―
Não fode com a minha encenação, amor. Eu quero ser o Super-Homem, ele é muito
melhor que o Batman, então você vai ter que ser minha Lois Lane.
Selei
rapidamente seus lábios com os meus.
―
Me desculpa, por ter sido estúpido com você, eu não sei o que eu quero do meu
futuro e eu decidi que ter sua ajuda seria bom. ― Ela sorriu empolgada. ― Mas
com moderação, sua gata.
―
Ok, seu chato. Com moderação.
―
Por enquanto eu tenho apenas uma única certeza do que eu quero para meu futuro.
―
Ser o Super-Homem? ― Disse rindo. ― Mesmo o Batman sendo melhor?
―
Shiu. O Batman nem poderes têm... Então o Super-Homem é melhor. Mas não é isso.
― Ela franziu o cenho, curiosa. ― Por enquanto a única coisa que eu quero para
meu futuro é você. Eu quero você para toda eternidade comigo.